Monumento a José Maria dos Santos



Localização: Jardim José Maria dos Santos, em frente à capela de S. José e próximo do coreto

Encomendadores: antigos rendeiros de José Maria dos Santos após a sua morte

Data: 1916

Autor: assinado Costa Motta (?) Costa Motta, Tio (1862-1930) ou Costa Motta, Sobrinho (1877-1956)

Pedestal

Estrutura tripartida amparada dos lados por duas volutas apoiadas na base ou soco.

As volutas, nos perfis, apresentam uma decoração de parras e cachos de uvas.

Entre a base e o dado encontra-se uma placa de bronze, em forma de brasão, que tem ao centro, simbolicamente, uma colmeia com três abelhas; esta placa é rodeada por um baixo-relevo que representa alfaias agrícolas – uma pá, um ancinho, uma foice e uma enxada – entrelaçadas por uma fita.

Entre as duas cornijas, na parte central, vinhas retorcidas, parras e uvas, com caráter expressivo, emolduram uma inscrição que imita uma tabuleta de madeira:

AO BENEMERITO

E

INSIGNE LAVRADOR

JOSÉ MARIA

DOS

SANTOS

1832-1913

No ábaco, dois pequenos enrolamentos laterais (um fraturado), com um anel central, de onde emergem quatro espigas de trigo. Nele existiria uma pequena grinalda de bronze, visível em fotografias antigas.

Detalhe da placa de bronze
Pormenor dos relevos

Busto

O busto de bronze é uma escultura de pendor naturalista, sem pormenorização excessiva, que transmite uma imagem de força e de serenidade do homenageado.

Autor

A assinatura C. Motta e a data de 1916 encontram-se na parte posterior, nas costas do ombro esquerdo. Esta assinatura pode levantar dúvidas entre o escultor Costa Motta, Tio (1862-1930) e o escultor e ceramista Costa Motta, Sobrinho (1877-1956), mas pela grafia da assinatura e o carácter da obra, é com toda a probabilidade um trabalho do segundo.

Costa Motta Sobrinho, natural de Coimbra, aprendeu a arte com o seu tio homónimo. Estagiou em Paris, entre 1904-1905, no atelier do escultor Jean-Antoine Injalbert e, após a morte de Rafael Bordalo Pinheiro, foi diretor artístico da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, em 1908. A partir de 1914, e em especial após o encerramento definitivo da Fábrica das Caldas, em 1916, até iniciar o projeto da Escola de Cerâmica António Augusto Gonçalves (mais tarde Escola António Arroio, inaugurada em 1928), dedicou-se essencialmente à escultura, no seu atelier de Lisboa.

Executou ainda a encomenda do Conselho Nacional de Turismo para a realização dos 13 grupos escultóricos, dos Passos da Via Sacra para as Capelas da Mata do Buçaco. Fez diversos bustos de mármore e de bronze, de várias figuras públicas – como o de Fialho de Almeida para a Biblioteca Nacional, o de Júlio de Castilho, ou o de Actor Taborda no Jardim da Estrela -, quase sempre por encomenda, como o busto de José Maria dos Santos.

Bibliografia:

Serrão, Vitor e José Meco – Palmela Histórico-Artística, um inventário do património artístico concelhio. Lisboa/Palmela: Edições Colibri/Câmara Municipal de Palmela. 2007

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