Pinhal Novo

Anterior a Pinhal Novo

2ª metade do século XIX

Cronologia

Século XX

Cronologia

Luísa Portela Soares

Anterior a Pinhal Novo

Os primeiros vestígios arqueológicos remontam ao período romano na zona hoje correspondente à fronteira entre o concelho de Montijo, Alcochete e Palmela, junto à herdade de Rio Frio.

As primeiras provas documentais surgem no período medieval, no reinado de D. Sancho I quando foi doada aos cavaleiros da Ordem de Santiago de Espada (doação que incluía o Castelo de Palmela e o território entre o Tejo e o Sado) em 1186.

Regla de la orden y cavalleria de S. Santiago de la Espada / co(n) la glosa y declaracion del Maestro Ysla (1547)

O território que a Ordem de Santiago chamava Riba de Tejo (“Ripa Tagi” nos documentos em latim) abrangia a área entre a Ribeira de Coina e a Ribeira de Enguias, o que corresponde, de uma forma geral, aos actuais concelhos do Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete. O nome Riba Tejo, a partir do século XVI, acaba por adquirir um sentido mais geral, que ainda hoje mantém.

ELSDEN, William, fl. ca 1760-1778 – Mappa Militar que por ordem de S. Alteza o Senhor Conde Reinante Schaumbourg Lippe Mar. Gen.l Se tirou de huma parte do Alentejo com a relação das Villas e Lugares que comprende o dito Mappa / por Guilherme Elsdem Qua.l Mes.tr Gen.l do Exer.º & C.º 16 M.co 1771. [Escala não determinada]. -1771. – 1 mapa : manuscrito, tinta da china e aguadas ; 70×50 cm

Até aos meados do século XIX a região de Pinhal Novo era um local de passagem com três grandes vias, duas direcionadas a Espanha e outra no sentido Sul-Norte que unia, por via terrestre, os rios Tejo e Sado.

Algum povoamento disperso caraterizava a paisagem da “Outra Banda”, e até ao início do século XX, estruturava-se com base em diferentes tipos de unidades de exploração, como as cercas, as quintas e os casais, das quais se destacavam as quintas, quer pela quantidade e quer pela diversidade de tipologias.

Estas terras eram então consideradas muito inférteis. A sua produção económica restringia-se à recolha da lenha e à preparação do carvão destinados ao mercado de Lisboa. Poucas eram as manchas de terras cultivadas.

A história da formação da freguesia poderá iniciar-se no ano de 1833, altura em que estaria fundado o Círio da Carregueira, que constitui, muito provavelmente, a mais antiga manifestação de organização em Pinhal Novo.

2ª metade do século XIX

Em 1856 começam as obras do caminho de ferro e, no ano seguinte, teve o seu início o Círio dos Olhos de Água.

A inauguração oficial das linhas do caminho de ferro, de Barreiro a Vendas Novas e Pinhal Novo a Setúbal, ocorre a 1 de fevereiro de 1861.

Deve datar desta época o nome Pinhal Novo, o local, anteriormente era designado Lagoa da Palha. A primeira referência escrita ao nome Pinhal Novo é de 27 de março de 1959, numa notícia publicada no jornal “O Cisne do Sado”.

O primeiro ato público verdadeiramente importante para a vida da localidade acontece a 18 de julho de 1872, trata-se da doação feita por José Maria dos Santos, à população de Pinhal Novo de um terreno para a construção de uma capela e para a realização dos festejos. A doação foi assinada por parte dos moradores, por António Domingos Macau e José Nogueira de Faria.

As obras de construção da igreja haviam sido iniciadas na véspera da assinatura do documento de doação e concluíram-se em 1874, celebrando-se a primeira missa no dia 2 de fevereiro do mesmo ano.

José Maria dos Santos nasceu no dia 1 de dezembro de 1831, filho de Caetano dos Santos e Gertrudes Maria, que moravam em Lisboa, freguesia de S. Sebastião da Pedreira.

Em junho de 1860 José Maria dos Santos, 28 anos, já fazia parte da Direção da Associação Central da Agricultura Portuguesa. Foi deputado às cortes aos 37 anos e em junho de 1887 assinava as contas de Gerência da Comissão Administrativa da Câmara dos Senhores Deputados juntamente com Joaquim Pedro de Oliveira Martins.

Foi o primeiro Vice-Presidente da Assistência Nacional aos Tuberculosos, tendo deixado enormes quantias de dinheiro a diversas instituições de caridade.

José Maria dos Santos foi deputado por vários mandatos e Par do Reino, desempenhou inúmeros cargos e foi fundador de várias associações. Revolucionou a agricultura em Portugal e foi o responsável pela introdução no País do adubo químico.

Ao longo da sua notável carreira foram-lhe oferecidos numerosos títulos, invocando como razão a vulgaridade do seu nome, que facilmente podia ser confundido. A este argumento respondia sempre “José Maria dos Santos, filho de mestre Caetano, não há outro!”

Faleceu a 19 de junho de 1913, tendo o seu funeral contado com numerosíssima assistência. O seu testamento repartiu pelos seus sobrinhos as suas imensas propriedades que faziam dele um dos mais ricos homens do País.

As gentes do Pinhal Novo homenagearam o seu ilustre benfeitor, construindo-lhe uma estátua, que foi colocada no Largo que recebe o seu nome.

Século XX

Entretanto a povoação de Pinhal Novo ia evoluindo. Sinal dessa evolução foi a fundação da, atualmente assim designada, Sociedade Filarmónica União Agrícola no ano de 1896 e, em 1910, a criação do União Futebol Clube Pinhalnovense.

Em termos demográficos a população da aldeia, em 1911 contava apenas com 263 habitantes.

Resultado do esforço dos moradores da jovem povoação foi a construção do cemitério local, corria o ano de 1925, ainda sob a administração do concelho de Setúbal.

O ano de 1928 foi testemunha de um importantíssimo acontecimento na vida de Pinhal Novo e de todos os seus moradores, pelo Decreto-Lei n.º 15 004 de 7 de fevereiro, foi criada a freguesia de Pinhal Novo.

Dez anos depois novo grande acontecimento entra na história da freguesia, a 8 de maio de 1938 tem lugar, com a devida pompa e circunstância, a inauguração da luz elétrica.

Em 1939 fica pronta a nova estação de caminho de ferro de Pinhal Novo.

O Círio Novo é criado em 1945, resultando da cisão do Círio da Carregueira. Este acontecimento é também sinal das grandes transformações que, entretanto, se foram dando na localidade e na região.

O Clube Desportivo Pinhalnovense surge em 1948, em consequência da fusão do União Futebol Clube com a Sociedade Recreativa Literária e Musical, dita Rasga-a-Manta.

Um documento fundamental para a história da evolução do povoamento da região é, ainda hoje, a comunicação apresentada pelo eminente geógrafo Orlando Ribeiro “As transformações do habitat e das culturas na região de Pinhal Novo (Portugal)”, ao XVI Congresso Internacional de Geografia de Lisboa, reeditado pela Junta de Freguesia, em 1998, na coleção “Origens e Destinos”.

A primeira escola primária de Pinhal Novo é inaugurada em 1950 em simultâneo com o posto da Guarda Nacional Republicana e o Mercado Agrícola, a “Praça”. Os Bombeiros Voluntários de Pinhal Novo surgem no ano de 1951.

Ao longo da evolução de Pinhal Novo o caminho de ferro foi sendo a espinha dorsal da freguesia pois, assim como divide a povoação ao meio, une também o seu passado e o seu futuro.

Refira-se que a população, inicialmente escassa, foi sofrendo acréscimos. Os “caramelos” da Beira Litoral e do Vale do Mondego, os “ratinhos” da Beira e outros vindos do Alentejo. Mas o grande surto demográfico teve lugar entre 1970 e 1975, devida à fixação de população vinda do Alentejo e do Algarve.

Após o 25 de abril de 1974, com a subsequente consolidação do poder local, Pinhal Novo conheceu importantes melhoramentos que contribuíram, efetivamente, para a melhoria das condições de vida da população pinhalnovense.

Pinhal Novo foi elevado à categoria de Vila a 11 de março de 1988.

Bibliografia/Webgrafia

Junta de Freguesia de Pinhal Novo https://www.juntapinhalnovo.pt/